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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

ARTIGOS DE RADIOAMADORISMO BRASILEIRO

 

ARTIGOS DE RADIOAMADORISMO BRASILEIRO

·  Publicado na Revista

Radioamadorismo & Faixa do Cidadão nº 8- ano 2- pg. 8


Revista

Radioamadorismo & Faixa do Cidadão


CURIOSIDADE HISTÓRICA

A EVOLUÇÃO DO TELÉGRAFO

escreveu : Mário Keiteris - P Y 2 M X K

e-mail : py2mxk@arrl.net .

URL: http://www.RadioLink.net.py2mxk

Após traduzir o artigo sobre Galileo Galilei do colega italiano Perluigi Adriatico I0 KWK, da Radio Revista out/nov de 1.997, sobrou aquela pontinha de curiosidade natural de que todos nós radioamadores possuímos dentro de si.

Impulsionado por esta pontinha de curiosidade, comecei a pesquisar nos livros antigos, fatos ocorridos na História da Humanidade, porque se havia um relato sobre a telegrafia anotada por Galileo Galilei e esta nós já conhecemos, (este artigo foi publicado na Revista Radioamadorismo & Faixa do Cidadão nº 07, ano 2, sendo que, eu achei de que deveria ter mais pessoas envolvidas neste assunto. Eu estava certíssimo, pois a História da Humanidade esta repleta de casos envolvendo a telegrafia e os físicos e cientistas daquela época. Em todos os tempos, não importa se atualmente ou no passado, vamos sempre encontrar o homem tentando através da comunicação diminuir as distâncias que nos separam, assim desde os primórdios da civilização, o homem sempre tentou e ainda continua tentando enviar mensagens a distâncias sempre maiores e mais rapidamente.

A história da telegrafia começa à registrar-se na História da Humanidade, praticamente a partir do inicio dos anos de 1.600 em diante, eu não encontrei nada registrado anteriormente a esta data.

A história da telegrafia nos mostra que nos duzentos anos que transcorreram desde a publicação do livro EL MAGNETE de Gilbert, escrito pelo médico e físico inglês WILIAM GILBERT, editado em 1.600, foram muito férteis nesta área, EL MAGNETE, foi a primeira obra fundamental sobre os fenômenos do magnetismo e da eletricidade, até que no ano de 1.800 Alexandre Volta, comunicou a Real Sociedade de Londres o invento da pilha elétrica.

Esta fértil e profícua época esta marcada por duas pautas importantes, a do século XVII (1.600), pelo sonho de se poder comunicar a distância mediante a recíproca influencia magnética das agulhas imantadas e a do século XVIII (1.700), pela possibilidade de aproveitar-se do “fogo elétrico”, que podia propagar-se instantaneamente através de um fio metálico condutor (cabo elétrico), a uma distância de muitos kilometros .

Estas alternativas ficaram no primeiro caso apenas no estado de simples idéia e em segundo em experiências demonstrativas, de cuja realização somente existem constância através e apenas dos escritos dos próprios inventores.

Isto determinou o êxito que manteve o sistema da telegrafia aérea criado pelo abade Claude Chiappe, no ano de 1.704, chegando a completar a primeira linha telegráfica entre Paris e Lille. Este sistema teve vasta difusão na Europa e na colônia francesa de Argel até 1.856, ano em que foi eficazmente empregado na guerra da Criméia (Rússia).

Porém a telegrafia elétrica, ou melhor dizendo, eletrodinâmica, após haver dado timidamente os primeiros passos e imediatamente depois da invenção da pilha elétrica por Volta, a meados do século XIX, se impõe rapidamente sobre a aérea, causando seu rápido desaparecimento.

Esta definitivamente aceito de que o primeiro documento histórico sobre a idéia de um telégrafo eletrostático é uma carta assinada com as iniciais de “C. M.”, escrita na cidade de Renfrew, com data de 1º de fevereiro de 1.753 e publicada em uma coleção escocesa, - LA SCOT’s MAGAZINE e que o autor seria o cientista escocês Charles Marshall. Na dita carta se propõe a “todos os que se ocupam de experiências de eletricidade sabem que a potência elétrica pode propagar-se de um lugar para outro por um fio sem ser atenuada ao longo de sua “corrida”, em um sistema de comunicação telegráfica, que consiste em um feixe de 24 fios e que cada fio corresponda a uma letra do alfabeto. Estes fios deveriam estar estendidos horizontalmente entre dois pontos, em forma paralela e separados por 2,5 centímetros entre si. A cada 20 metros deveriam estar apoiados em um corpo sólido através de um isolador de vidro ou resina, tanto para evitar o contato com o terra como para ajudar a suportar o seu peso. Em cada extremidade os fios estavam presos a uma placa de vidro e ao seu lado devia-se instalar um cabo elétrico, devendo ainda prever-se de que os pedaços de fio que corriam da placa de vidro até o cabo “tivessem bastante elasticidade e firmeza suficiente para retornar a sua posição primitiva, quando se deseja-se retirar o fio do contato com o cabo”. Do outro lado da placa de vidro pende de cada fio uma esfera debaixo das quais, a uma distância de dois ou três milimitros deve-se colocar uma placa metálica gravada com uma das letras do alfabeto.

Em principio o funcionamento do sistema era que, mediante a aplicação de uma corrente elétrica a um dos fios condutores, a esfera colocada em outro extremo se magnetizaria, levantando a placa com a letra do alfabeto gravada.

Ao interromper-se a corrente elétrica, a esfera deixa de atrair a placa metálica gravada com uma letra, retornando para a sua posição inicial. Este procedimento deveria repetir-se letra a letra, até completar-se uma palavra e continuando uma mensagem completa.

Como alternativa, também é proposto de que todos os fios estejam conectados ao cabo, porém para que cada um deles disponha de uma tecla em que permita a sua conecção na ordem necessária para compor uma palavra.

Se alguém contestar este método de correspondência achando-o muito intendioso”, esta também proposto a troca das esferas por campainhas, de tons decrescentes de “A” até “Z”, para deste modo obter diversos sons, estas campainhas devem disparar sempre ao ser conectado o fio condutor com o cabo, correspondendo a uma letra qualquer.

“Deste modo e com um pouco de prática, os dois operadores chegariam sem fadiga a traduzir mentalmente e completamente a linguagem das campainhas, sem estar sujeitos ao aborrecido escrever letra a letra”.

As experiências do autor Charles Marshall sobre a diminuição do fluxo elétrico através de um condutor, se limitavam a uma distância de 50 metros e previu que após alguns kilometros, o fluxo elétrico seria absorvido totalmente e assim, ainda propunha o seguinte : Revestir os fios de uma ponta a outra, com resina. com esta capa é isolante cada partícula do fio estará efetivamente protegida da ação atmosférica”. Segundo P. Adriatico, (*1), autor do livro “Sobre a Prioridade da Idéia da Telegrafia”, a primeira realização prática do telegrafo eletrostático é anterior ao ano de 1.767 e o mérito deste feito pertence ao jesuíta Giuseppe Bozolo. Segundo FIGUIER (*2), a honra de ter sido o primeiro a por em prática e experimentar o telégrafo eletrostático, foi Louis Georges Le Sage, no ano de 1.760, vindo a conceber, projetar e executar um sistema de telegrafia eletrostática na cidade de Genebra, na Suíça no ano de 1.774.

“O aparelho de Le Sage era composto de 24 fios metálicos separados um dos outros e revestidos de uma substancia isolante. Cada fio era ligado a um eletrómetro individual, formando por uma bolinha de SAÚCO suspensa por um fio de seda. Ao colocar um bastão eletrizado em contato com um dos fios metálicos a bolinha do eletrómetro correspondente era repelida e este movimento indicava a letra do alfabeto que se havia transmitido de uma para a outra estação”. D’Alembert sugeriu a Le Sage que dedica-se esta sua descoberta ao Rei Frederico II o Grande, quem seguramente o ajudaria a desenvolver sua descoberta, lamentavelmente o Rei estava naquela época envolvido com a Guerra dos 7 anos, sendo que pelo desinteresse do Rei, Le Sage abandonou o projeto.

Porém a idéia da telegrafia eletrostática acabou difundindo-se em toda a Europa. Arthur Yong (*3), Em seu livro “Viajem a França”, descreve um engenhoso invento realizado pelo jovem mecânico Lomond, constituído por uma maquina fechada dentro de uma caixa cilíndrica, sobre a qual havia um eletrómetro, uma pequena bolinha de SAÚCO: um fio metálico ligado a uma outra caixa metálica, igualmente munida de um eletrómetro e instalada em um local distante da primeira caixa. Sua esposa, notando os movimentos da bolinha de SAÚCO, escrevia as letras formando as palavras, pelo seu marido transmitidas.

“Como o comprimento do fio não tem nenhum influencia sobre o fenômeno , pode-se transmitir correspondência a distancia que se deseje, por exemplo: do centro para fora de uma cidade sitiada, ou para favorecer uma conversação entre dois enamorados e que estão distantes, pois de outra forma não poderiam falar”.

Em 1.787 Bettancourt conseguiu comunicar-se a distancia fazendo passar a descarga das garrafas de Leyden pelos fios metálicos que uniam Madri a Aranjuez. No ano de 1.794 o alemão Reiser, propõe comunicar-se a distância através de 24 fios metálicos cuja isolação era obtida colocando-se os seus terminais dentro de tubos de vidro. As letras do alfabeto eram gravadas sobre uma tira de estanho e colocadas sobre pequenas peças de vidro que iluminavam-se a distância por meio de uma descarga elétrica.

Já no ano de 1.796 Francisco Salva, médico catalão apresentava na Academia de Ciências de Madri, um memorial descritivo sobre a aplicação da eletricidade para a produção de sinais. A demonstração prática conduzida por Salva maravilhou os assistentes, que entre os quais se encontrava La Paz, este nobre cidadão espanhol foi quem influenciou Salva para apresentar e exibir seu invento ao Rei de Espanha. Afirma-se que logo após estes experimentos na Academia de Ciências de Madri, o Príncipe espanhol fez construir um telégrafo similar, porém de maior extensão.

Aqui, apenas quatro anos nos separam destas estéreis tentativas por diversos físicos da época até a invenção da pilha elétrica por Alexandre Volta, que finalmente permitiria novas e eficientes aplicações da eletricidade nas comunicações telegraficas a distâncias ilimitadas.

Depois destes fatos terem acontecido, estas foram as evoluções do telégrafo que caminharam muito lentamente no passado, para chegarem ao estágio tecnológico, tal qual como nos conhecemos e utilizamos na atualidade.

BIBLIOGRAFIA :

(*1) P. Adriático - “Sobre a prioridade da idéia da telegrafia”.

(*2) Louis G. Figuier - Conhecido autor de tratados de química e física

(*3) Arthur Yong - escritor especializado em temas sobre a agricultura.


Sobre o autor do artigo : Além de escrever artigos para a Revista e Jornal Radioamadorismo & Faixa do Cidadão o autor é ex Diretor de Cursos da antiga LABRE/SP., é ex Diretor de Cursos da Liga Paulista de Radioamadores L. P. R., é autor do livro Radioamadorismo : Hobby? ou Ciência!, do Manual do PX e de outras obras relativas ao radioamadorismo, bem como das Apostilas de Preparo aos Exames no Ministério das Comunicações, doados na época para a LABRE/SP. comercializa-las.

É co-Autor da Apostila para exame de Técnica e Ética Operacional escrita no ano de 1.996 na Delegacia Regional do Ministério das Comunicações de São Paulo e em uso atualmente, também é SUPPORT MEMBER da L. R. M. D. Associação dos Radioamadores da Lithuania.


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