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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Escola de Radioamadores Frei Lauro

ARTIGO: Escola de Radioamadores Frei Lauro
AUTOR: Creusa Oliveira
Jornal da Paraíba, 23.julho.2006:
Radioamadorismo alia-se às novas tecnologias para continuar ativo 


          Na primeira década do século passado (1914), o radioamador surgia como um dos mais
 poderosos meios de comunicação; numa época em que a telefonia apenas engatinhava, o
 radioamador já permitia a comunicação falada, sem fio, entre os continentes, sendo 
usado como instrumento de solidariedade entre os povos. 

          Passados 92 anos, quem pensa que o radioamadorismo foi 
superado pelas novas tecnologias de comunicação, como a internet e os 
celulares, por exemplo, engana-se. Esse sistema não só resiste ao tempo, como 
se renovou tecnologicamente e em vez de disputar com os novos meios 
existentes, alia-se a eles e hoje conta com o apoio de satélites e da 
internet, ampliando a precisão da transmissão e recepção dos sinais e se 
fortalecendo ainda mais como alternativa de qualidade no campo das 
comunicações. 

          O primeiro núcleo de Radioamadorismo da Paraíba foi instalado 
em Campina Grande na década de 30, por João Miguel de Moraes; o 
ineditismo da estação projetou a cidade em todo o Brasil. Hoje, a Escola e 
Casa de Radioamadores de Campina Grande (Ecra), fundada pelo franciscano 
alemão Frei Lauro, em 1963, possui uma das maiores e melhores estruturas 
do País. É uma instituição sem fins lucrativos que mantém viva a chama 
do radioamadorismo, formando jovens para a prática desta solidária 
forma de comunicação intercontinental. 

          Na Paraíba, existem atualmente 1.515 radioamadores 
registrados na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); em Campina Grande 
são 158 (destes apenas 60 são associados à Ecra). Na escola podem ser 
praticadas todas as modalidades permitidas pela Anatel, da telegrafia 
(neste campo, o campinense Alexandre Filho, é um dos 40 radioamadores mais 
rápidos do Mundo) à comunicação falada (o associado Jackson de Farias 
já ganhou uma comenda de honra ao mérito da Liga Americana por ser um 
dos poucos radioamadores do Mundo a realizar contato com mais de 300 
países em um concurso internacional), até a radiocomunicação via satélite. 

          Apesar da estrutura, uma área construída de 1.800 m², com 
salas de aula e laboratório de eletrônica e telecomunicações, dispondo de 
uma estação que possibilita aos seus associados freqüentes contatos 
(nas bandas HF, VHF e UHF nos modos analógico e digital) com o mundo 
inteiro, os modernos equipamentos estão sendo subutilizados. 

          “Hoje, os radioamadores tem sofisticadas tecnologias à mão, 
mas estão fechados em conchas, a maioria prefere a prática isolada, 
longe do convívio com os colegas, contrariando uma característica desta 
atividade, que é a reunião de aficionados; esse isolamento acaba 
enfraquecendo e prejudicando o funcionamento desta Casa, que poderia ser melhor 
utilizada, ampliando a oferta de serviços de utilidade pública”, afirma 
o presidente da Ecra, o juiz aposentado Octany Batista.
 
        Profissionais ajudam as comunidades:

          O Radioamadorismo sempre prestou serviços de utilidade 
pública em todo o planeta; é uma atividade que conta com uma vantagem: não 
precisa de energia elétrica para funcionar e as unidades portáteis são 
ideais para situações, como uma guerra por exemplo. “Tanto no 11 de 
setembro, em Nova York, como nos ataques de Israel contra o Líbano, o 
trabalho anônimo dos radioamadores está ajudando a salvar vidas; a falta de 
remédio e alimentos é comunicada às equipes de salvamento, minimizando 
sofrimentos com agilidade da informação”, diz Batista. 

          No referendo sobre o desarmamento, realizado no ano passado, 
a Justiça Eleitoral contou com o apoio logístico da Ecra, que 
disponibilizou 20 estações distribuídas em diversas localidades do Compartimento 
da Borborema, facilitando a solução de problemas; nesta eleição de 
outubro de 2006, o mesmo apoio foi solicitado aos radioamadores 
campinenses, que já estão se mobilizando e convocando voluntários para montar as 
equipes que vão compor a estrutura auxiliar de comunicação. 

          Um exemplo do trabalho humanitário realizado pelos 
radioamadores foi registrado na época do rompimento da barragem de Camará, quando 
eles se mobilizaram avisando às populações ribeirinhas da gravidade do 
acidente, evitando mais mortes naquela tragédia. 

          “Existe uma Rede Nacional de Emergência de Radioamadores, que 
é um projeto do Ministério da Integração Nacional em parceria com as 
coordenações da Defesa Civil dos municípios; a Paraíba conta com 30 
radioamadores, o terceiro maior número de voluntários da rede; sendo 
solicitados pela Defesa Civil, estamos prontos para ajudar”, assegura Batista. 

          Resgatar e fazer com que a escola volte a ser referência 
nacional no Radioamadorismo, é uma das metas da atual diretoria. Segundo o 
coordenador de cursos da Ecra, Paulo Germano, cursos na área de 
informática e tecnologia da comunicação são oferecidos regularmente e 
gratuitamente a jovens carentes da cidade, através da parceria com o Programa 
Sebrae Solidário, Pastoral da Juventude, Rix Internet e a organização 
não-governamental alemã DBrazilian und Uganda Hilfe.(CO) 
     

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