ARTIGOS DE RADIOAMADORISMO BRASILEIRO
· Publicado na Revista
Radioamadorismo & Faixa do Cidadão nº 8- ano 2- pg. 8
Revista
Radioamadorismo & Faixa do Cidadão
CURIOSIDADE HISTÓRICA
A EVOLUÇÃO DO TELÉGRAFO
escreveu : Mário Keiteris - P Y
e-mail : py2mxk@arrl.net .
URL:
http://www.RadioLink.net.py2mxk
Após traduzir o artigo sobre Galileo
Galilei do colega italiano Perluigi Adriatico I0 KWK, da Radio Revista out/nov
de 1.997, sobrou aquela pontinha de curiosidade natural de que todos nós
radioamadores possuímos dentro de si.
Impulsionado por esta pontinha de
curiosidade, comecei a pesquisar nos livros antigos, fatos ocorridos na
História da Humanidade, porque se havia um relato sobre a telegrafia anotada
por Galileo Galilei e esta nós já conhecemos, (este artigo foi publicado na
Revista Radioamadorismo & Faixa do Cidadão nº 07, ano 2, sendo que, eu
achei de que deveria ter mais pessoas envolvidas neste assunto. Eu estava
certíssimo, pois a História da Humanidade esta repleta de casos envolvendo a
telegrafia e os físicos e cientistas daquela época. Em todos os tempos, não importa
se atualmente ou no passado, vamos sempre encontrar o homem tentando através da
comunicação diminuir as distâncias que nos separam, assim desde os primórdios
da civilização, o homem sempre tentou e ainda continua tentando enviar
mensagens a distâncias sempre maiores e mais rapidamente.
A história da telegrafia começa à
registrar-se na História da Humanidade, praticamente a partir do inicio dos
anos de 1.600 em diante, eu não encontrei nada registrado anteriormente a esta
data.
A história da telegrafia nos mostra que
nos duzentos anos que transcorreram desde a publicação do livro EL MAGNETE de
Gilbert, escrito pelo médico e físico inglês WILIAM GILBERT, editado em 1.600,
foram muito férteis nesta área, EL MAGNETE, foi a primeira obra fundamental
sobre os fenômenos do magnetismo e da eletricidade, até que no ano de 1.800
Alexandre Volta, comunicou a Real Sociedade de Londres o invento da pilha
elétrica.
Esta fértil e profícua época esta marcada
por duas pautas importantes, a do século XVII (1.600), pelo sonho de se poder
comunicar a distância mediante a recíproca influencia magnética das agulhas
imantadas e a do século XVIII (1.700), pela possibilidade de aproveitar-se do
“fogo elétrico”, que podia propagar-se instantaneamente através de um fio
metálico condutor (cabo elétrico), a uma distância de muitos kilometros .
Estas alternativas ficaram no primeiro
caso apenas no estado de simples idéia e em segundo em experiências
demonstrativas, de cuja realização somente existem constância através e apenas
dos escritos dos próprios inventores.
Isto determinou o êxito que manteve o
sistema da telegrafia aérea criado pelo abade Claude Chiappe, no ano de 1.704,
chegando a completar a primeira linha telegráfica entre Paris e Lille. Este
sistema teve vasta difusão na Europa e na colônia francesa de Argel até 1.856,
ano em que foi eficazmente empregado na guerra da Criméia (Rússia).
Porém a telegrafia elétrica, ou melhor
dizendo, eletrodinâmica, após haver dado timidamente os primeiros passos e
imediatamente depois da invenção da pilha elétrica por Volta, a meados do
século XIX, se impõe rapidamente sobre a aérea, causando seu rápido
desaparecimento.
Esta definitivamente aceito de que o
primeiro documento histórico sobre a idéia de um telégrafo eletrostático é uma
carta assinada com as iniciais de “C. M.”, escrita na cidade de Renfrew, com
data de 1º de fevereiro de 1.753 e publicada em uma coleção escocesa, -
Em principio o funcionamento do sistema
era que, mediante a aplicação de uma corrente elétrica a um dos fios condutores,
a esfera colocada em outro extremo se magnetizaria, levantando a placa com a
letra do alfabeto gravada.
Ao interromper-se a corrente elétrica, a
esfera deixa de atrair a placa metálica gravada com uma letra, retornando para
a sua posição inicial. Este procedimento deveria repetir-se letra a letra, até
completar-se uma palavra e continuando uma mensagem completa.
Como alternativa, também é proposto de que
todos os fios estejam conectados ao cabo, porém para que cada um deles disponha
de uma tecla em que permita a sua conecção na ordem necessária para compor uma
palavra.
Se alguém contestar este método de
correspondência achando-o muito intendioso”, esta também proposto a troca das
esferas por campainhas, de tons decrescentes de “A” até “Z”, para deste modo
obter diversos sons, estas campainhas devem disparar sempre ao ser conectado o
fio condutor com o cabo, correspondendo a uma letra qualquer.
“Deste modo e com um pouco de prática, os
dois operadores chegariam sem fadiga a traduzir mentalmente e completamente a
linguagem das campainhas, sem estar sujeitos ao aborrecido escrever letra a
letra”.
As experiências do autor Charles Marshall
sobre a diminuição do fluxo elétrico através de um condutor, se limitavam a uma
distância de
“O aparelho de Le Sage era composto de 24
fios metálicos separados um dos outros e revestidos de uma substancia isolante.
Cada fio era ligado a um eletrómetro individual, formando por uma bolinha de
SAÚCO suspensa por um fio de seda. Ao colocar um bastão eletrizado em contato
com um dos fios metálicos a bolinha do eletrómetro correspondente era repelida
e este movimento indicava a letra do alfabeto que se havia transmitido de uma
para a outra estação”. D’Alembert sugeriu a Le Sage que dedica-se esta sua descoberta
ao Rei Frederico II o Grande, quem seguramente o ajudaria a desenvolver sua
descoberta, lamentavelmente o Rei estava naquela época envolvido com a Guerra
dos 7 anos, sendo que pelo desinteresse do Rei, Le Sage abandonou o projeto.
Porém a idéia da telegrafia eletrostática
acabou difundindo-se em toda a Europa. Arthur Yong (*3), Em seu livro “Viajem a
França”, descreve um engenhoso invento realizado pelo jovem mecânico Lomond,
constituído por uma maquina fechada dentro de uma caixa cilíndrica, sobre a
qual havia um eletrómetro, uma pequena bolinha de SAÚCO: um fio metálico ligado
a uma outra caixa metálica, igualmente munida de um eletrómetro e instalada em
um local distante da primeira caixa. Sua esposa, notando os movimentos da
bolinha de SAÚCO, escrevia as letras formando as palavras, pelo seu marido
transmitidas.
“Como o comprimento do fio não tem nenhum
influencia sobre o fenômeno , pode-se transmitir correspondência a distancia
que se deseje, por exemplo: do centro para fora de uma cidade sitiada, ou para
favorecer uma conversação entre dois enamorados e que estão distantes, pois de
outra forma não poderiam falar”.
Em 1.787 Bettancourt conseguiu
comunicar-se a distancia fazendo passar a descarga das garrafas de Leyden pelos
fios metálicos que uniam Madri a Aranjuez. No ano de 1.794 o alemão Reiser,
propõe comunicar-se a distância através de 24 fios metálicos cuja isolação era
obtida colocando-se os seus terminais dentro de tubos de vidro. As letras do
alfabeto eram gravadas sobre uma tira de estanho e colocadas sobre pequenas
peças de vidro que iluminavam-se a distância por meio de uma descarga elétrica.
Já no ano de 1.796 Francisco Salva, médico
catalão apresentava na Academia de Ciências de Madri, um memorial descritivo
sobre a aplicação da eletricidade para a produção de sinais. A demonstração
prática conduzida por Salva maravilhou os assistentes, que entre os quais se
encontrava
Aqui, apenas quatro anos nos separam
destas estéreis tentativas por diversos físicos da época até a invenção da
pilha elétrica por Alexandre Volta, que finalmente permitiria novas e
eficientes aplicações da eletricidade nas comunicações telegraficas a
distâncias ilimitadas.
Depois destes fatos terem acontecido,
estas foram as evoluções do telégrafo que caminharam muito lentamente no
passado, para chegarem ao estágio tecnológico, tal qual como nos conhecemos e
utilizamos na atualidade.
BIBLIOGRAFIA :
(*1) P. Adriático - “Sobre a prioridade da
idéia da telegrafia”.
(*2) Louis G. Figuier - Conhecido autor de
tratados de química e física
(*3) Arthur Yong - escritor especializado
em temas sobre a agricultura.
Sobre o autor do artigo : Além de escrever artigos para a Revista
e Jornal Radioamadorismo & Faixa do Cidadão o autor é ex Diretor de Cursos
da antiga LABRE/SP., é ex Diretor de Cursos da Liga Paulista de Radioamadores
L. P. R., é autor do livro Radioamadorismo : Hobby? ou Ciência!, do Manual do
PX e de outras obras relativas ao radioamadorismo, bem como das Apostilas de
Preparo aos Exames no Ministério das Comunicações, doados na época para a
LABRE/SP. comercializa-las.
É co-Autor da Apostila para exame de Técnica e Ética Operacional
escrita no ano de 1.996 na Delegacia Regional do Ministério das Comunicações de
São Paulo e em uso atualmente, também é SUPPORT MEMBER da L. R. M. D.
Associação dos Radioamadores da Lithuania.
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